Racismo velado. Chega!
No mês da Consciência Negra,
precisamos atentar para formas veladas de racismo. Na economia, educação e política,
o afrodescendente ainda é visto com o exótico a cultuar ou como símbolo de uma
suposta “administração democrática”, que, muitas vezes,
utiliza
de questões raciais como manobras de dominação. Para tentar implantar o projeto
de lei do ITIV que favorece a construtoras, a atual gestão municipal propaga que
está assegurando isenção de impostos a templos das religiões de matriz africana.
Ironia! Este é um direito garantido pela Constituição Federal.
Este racismo velado e sarcástico precisa ser combatido.
São ideologias alienantes que permitem a demagogia étnica em todos os cenários
do cotidiano. Nos postos de trabalho elevado, nos bons restaurantes, nos
teatros, nas grifes dos shoppings centers e até no carnaval, cujo ritmo é
negro, vivemos um apartheid. E agora querem utilizar do sagrado como manobra de
dominação.
A questão é muito sensível. Programas de cotas,
leis específicas, secretarias e órgãos de proteção têm um papel fundamental,
mas sozinhos não resolvem o racismo. Precisamos atuar de forma integrada e
multidisciplinar, principalmente levando os debates à educação infantil, já nas
creches municipais (?). Se tomarmos como base a história, geografia e economia
da capital baiana, que tem 80% da população de negros, constataremos que a
maioria pobre é afrodescendente.
Portanto, entendemos que políticas sociais como
Bolsa Família, créditos universitário, Minha Casa Minha Vida são também ações
reparatórias. Não são necessárias estatísticas para saber qual grupo étnico tem
sido mais beneficiado com os programas; basta percorrermos as regiões mais
pobres de Salvador. Em contra senso, a minuta de lei do PDDU que o município
está elaborando só reserva três parágrafos para a questão racial. E neste
contexto, a gente constata o descaso e a edificação de políticas oportunistas
utilizando das fragilidades sociais.
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